quinta-feira, 12 de junho de 2014

caos
abismo
suspensão
flutuação num espaço silencioso
ventania
tempestade
Áries
andar
conversar
Áries empurra para frente
Capricórnio e Virgem puxam para trás
tensão que me sufoca.
primeiro,
a insustentabilidade do que não se pode mais ser
não me reconheço
já não é possível continuar
curto circuito
"Você está como um fio desencapado"
a sensação interna é de compressão
como se tivesse algo apertando pelas costelas
o espaço interno vai comprimindo
falta ar
chóro
dentro tem Eu empurrando as paredes desse corpo externo
enorme
prisão
sinto-me aprisionada dentro
no corpo
na física
nas leis
as leis que nos regem

Amores inventados ou 30 segundos

hoje te vi na rua esperando para atravessar
em frente aquela ladeira que nunca subi

30 segundos
...
tempo do sinal abrir

te observo partir
você ao contrário de mim para nunca mais
eu subindo o morro
você descendo em direção ao mar.

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Cartas a um jovem poeta - trecho

"Os Homens possuem, para todas as coisas, soluções fáceis e convencionais, as mais fáceis das soluções fáceis. Entretanto, é evidente que sempre se deve preferir o difícil: Tudo o que vive lá cabe. Cada ser se desenvolve e se defende a sua maneira e tira de si próprio, a todo custo e contra todos os empecilhos, essa forma única que é sua. Conhecemos muito poucas coisas, mas a certeza de que devemos sempre preferir o difícil, nunca nos deve abandonar. É bom ser só, porque a solidão é difícil. Se uma coisa é difícil, motivo mais forte para a desejar. Amar também é bom, porque o amor é difícil. O amor de um ser humano para outro, é talvez a experiência mais difícil para cada um de nós, o mais superior testemunho de nós próprios, a obra absoluta em face da  qual todas as outras são apenas ensaios. É por isso que os seres bastante novos, novos em tudo não sabem amar e precisam aprender. Com todas as energias do seu ser , reunidas no coração que bate inquieto e solitário, aprendem a amar. Toda aprendizagem é uma época de clausura. Assim, para o que ama, durante muito tempo e até durante a vida, o amor é apenas solidão, solidão cada vez mais intensa e mais profunda. O amor não consiste em uma criatura se entregar, se unir a outra logo que se dá o encontro. (Que seria a união de dois seres vagos, inacabados, dependentes?) O amor é a oportunidade única de amadurecer, de adquirir forma, de nos tornarmos um universo para o ser amado. É uma alta exigência, um desejo sem limites, que faz daquele que ama um eleito solicitado pelos mais largos horizontes. Quando o amor aparece, os novos apenas deveriam nele o dever de trabalharem em si próprios. A capacidade de nos perdermos noutro ser, de nos entregarmos a outro ser, todas as formas de união, ainda não são para eles. Primeiro, é preciso ajuntar muito tempo, acumular um tesouro. Nisto consiste o erro tão corriqueiro e tão grave dos novos: Precipitam-se quando o amor os atinge, porque faz parte do seu temperamento não saberem esperar. Entregam-se quando o seu espírito é apenas esboço, inquietação, desordem. Mas que? que pode fazer a existência desta confusão de materiais desperdiçados a que denominam "a sua união" ? E que futuro podem aguardar? Cada um se perde a si mesmo por amor do outro e perde também o outro e todos aqueles que ainda poderiam chegar... E cada um perde o "sentido do que é amplo" e os meios para alcançar, cada um troca os vai e vens das coisas do silêncio, repletos de promessas, pela confusão estéril de que só pode sair tédio, indigência e desilusão. Só lhes resta refugiarem-se numa dessas várias convenções que existem em toda parte como abrigos ao longo de uma vereda perigosa."

-Rainer Maria Rilke

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Marte

- Marte está retrógrado
- E o que isso quer dizer?
- Quer dizer que é normal todo mundo está se sentindo assim, perdido, sem conseguir decidir nada.
- É... eu me sinto assim, mas é...
- Eu também!
- Mas é interessante, porque parece que eu realmente cheguei ao fundo do poço mas é como se eu pudesse observar que há a mesma proporção de trevas mas também de luz. Quer dizer, eu me sinto bem, é como se eu tivesse descoberto uma parte de mim com a qual eu posso contar. Mas é estranho porque eu não estou fazendo nada objetivamente, quer dizer, externamente não há um movimento claro.
- Eu tenho até me sentido orgulhosa por estar conseguindo fazer coisas porque internamente eu me sinto assim : (ela faz o movimento de uma pessoa estática deitada na cama, com os braços estendidos para cima e os olhos vidrados no teto. inerte) Hoje a Laura me deu uma imagem interessante disso, que a gente está no olho do furacão, sabe? No olho do furação nada se move e em volta está tudo um caos.
- Pois é... mas eu sinto que este é um bom momento, coisas boas estão se transformando mas por eu estar tendo que tomar decisões como abandonar a minha faculdade, eu sinto que devo explicações.
- Para você este movimento aconteceu quando a sua vida prática já não estava te fazendo feliz a um bom tempo. Eu tenho sorte que no meio  de todo esse caos, a minha vida profissional é o único lugar onde eu posso respirar, porque dentro eu sinto uma coisa muito ruim.
- É, mas de certo modo, você não estar tendo que tomar decisões radicais te eximem de ter que dar explicações. E eu sinto que apesar de este ser um  bom momento, o fato de eu estar tomando decisões grandes, me fazem ter que dar explicações. E essa responsabilidade traz uma ansiedade muito grande. porque eu não sei como explicar tudo o que acontece internamente sendo que fora aparentemente está um caos.
- Talvez você não tenha que explicar, é difícil decepcionar quem você ama, mas talvez você tenha que aceitar isso.
- Mais ou menos, porque eles estão bancando minha vida aqui e é um investimento muito alto, então se "você está perdida no Rio de janeiro então, não tem mais porque ficar aí" eu tenho muito medo de que isso aconteça, porque seria muito pior.
- Bom, se isso acontecer a gente dá um jeito, vamos morar em um hostel, sei lá e você vai trabalhar por um tempo
- É... E vou descobrir que a vida pode ser muito ruim, porque aí é que não vou poder fazer mesmo o que quero porque tenho que trabalhar para me sustentar...
- Por um tempo... Um mês tem 30 dias, né?
- Nem todos
- Sim, mas no geral.
- Sim.
- Então, 2 de março, mais 30, 2 de abril, mais 30
- Maio
- Maio.
- Quando marte começou a ser retrógrado? 
- Março, foi por volta do carnaval
- É... desde o carnaval eu passei por muitas transformações.
- Ele deve durar até o meio de maio... ele deveria estar saindo disso por agora.

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Lixo mental

Eu passo a maior parte do tempo pensado no que eu gostaria de estar fazendo mas com uma enorme preguiça de fazer o que realmente tenho vontade. Sentindo que o ambiente externo está desorganizado demais para que o ambiente interno consiga se organizar e parar para fazer o que quero. Então, passo a outra maior parte do tempo pensando que devo organizar as coisas. Arrumo o quarto, apago luz, acendo luz, tiro o lixo, lavo louça, puxo a água da pia com o rodo meticulosamente... Varias vezes ao dia, até ficar completamente seco... Para logo mais estar molhada de novo. Ponho roupa na máquina, tiro roupa da máquina, estendo, retiro as secas, guardo as secas. Rearrumo a colcha da cama, ordeno os livros, pego um, leio, outro, outro, uma revista, escrevo, rabisco, me incomoda a bagunça dos papeis, reorganizo. Acendo um cigarro. Volto a pensar no projeto que eu realmente gostaria de estar fazendo. Volto a arrumação, varro alguma coisa, sempre falta outra coisa. O lixo já se encheu mais uma vez. Cozinho... Não há solução, é preciso cozinhar. Coloco um vídeo para passar, esvazio a cabeça no whatsapp... De minuto em minuto. Fico repetindo mentalmente conversas, continuações de conversas, reflexões sobre a conversa. Lixo mental. Não consigo retirar o lixo mental. Invento histórias, me martirizo por não ter força de vontade suficiente para coloca-las no papel. Escrevo besteiras por impulso pois são mais fáceis e ajudam a transbordar a energia. Saio para ir ao supermercado. Tenho que pagar contas, preguiça. Falta de vontade de interagir, de sair, de agir. Me sinto cansada. Paro, olho a janela, acendo outro cigarro, me sinto mal. Tomo banho, lavo os cabelos para me livrar do cheiro, me entedio, me deprimo, me sinto cansada. Falta de ar. Falta ar. Durmo. Em outros dias faço apenas o que devo fazer. O dia todo fora de casa, não há muito espaço para pensar, não me deprimo, reflito brevemente que quando tudo estiver calmo e organizado pensarei na vida. Não sobra tempo.
A vida vai passando e eu não vou sendo.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Eu espero muito que você possa voltar para o lado de cá e não atravesse a linha dos alucinados permanentes. Eu sei que a vida desse lado pode ser mais chata, mais triste, mais sóbria. Mas mesmo assim, prefiro você aqui. E desejo que um raio nunca caia sobre você. Não cairá. Sinto que você viverá até os 90 (e temo), mas sendo assim, que aos 50 você tenha uma filha e descubra...

sábado, 29 de março de 2014

Mas também devo dizer, para não faltar com a verdade,que vi amores entre casais que me fizeram desejar profundamente um dia viver algo similar. 

domingo, 23 de março de 2014

Nada seria como hoje se não tivesse sido o antes




Eu enquanto parada, sentada, virada para a janela, meio refletindo sobre a imagem, meio pensando em nada... Um pouco curvada sobre o nó que carrego no peito, quase que por acaso voltei aos dezesseis, dezessete, dezoito anos, quando nós; primeiro nós duas, depois nós três, conseguíamos fazer do dia a dia, alguma coisa meio fora do padrão. Lembro de sofrer. Aquela foi uma época bem difícil. Mas também lembro de me sentir envolta por uma atmosfera especial. Como ter a esperança de que a vida pode ser incrível, ou talvez fosse porque gostássemos de cultivar pequenos atos poéticos, pautados em nosso imaginário cuidadosamente construído sobre "o belo". Eu estou tentando buscar palavras que expliquem exatamente como me sentia, mas acho que não tem palavra exata para expressar sentimento. Nós duas sempre estávamos tentando controlar uma crise, ou de uma ou da outra. E ela foi a minha melhor amiga em fazer isso. Ela foi realmente uma amiga muito boa. (eu sei). E nunca mais conheci ninguém tão dedicado a esse amor, que é a amizade quanto ela era a todos nós, os amigos. Ele me libertou. Me fez sofrer, mas foi o sofrimento necessário para me tirar da escuridão platônica na qual eu havia me metido. E foi, apesar de todo o susto, de todo o desconforto, um amor doce de lembrar. Lúdico. Porque somos tão, tão parecidos no que diz respeito a estética, eu lírico, ou seja lá o que for que faz as nossas conversas serem boas, tão boas... Que sempre me fazem sentir como se tudo estivesse no lugar certo naquele momento, como se eu me reconectasse a uma parte querida de mim mesma. (Acho que é aquilo de "reconhecer um igual" que falávamos). "Vou escrever para a Carol, dizer para tomarmos um café quando ela vier aqui". Não foi possível encontrar Carolina no facebook. Decidi ir até "aosilencio". Blog removido. Busco, Luis Felipe no facebook, nada que diga nada de nada. Meu coração está acelerado. Alguma coisa saiu do lugar. E eu nem sei o que é. Eu nem sei se realmente é. Eu nem tenho mais intimidade para perguntar sobre a normalidade dos dias. "E agora?", a minha cabeça fica rodando. Vontade de estar presente. Vontade de ligar e dizer, "olha, me desculpa chegar assim, mas senti que precisava concertar alguma coisa."

Com muito carinho,
Lia

sábado, 15 de março de 2014


Eu vejo casais por aí que me fazem perguntar-me "você queria mesmo estar numa relação assim só para estar em uma?" Oh... no nononono...

Hoje eu tenho certeza de que a vida que eu teria atualmente se meus sonhos apaixonados tivessem se concretizado com o meu amor dos dezesseis, não é de jeito nenhum a vida que eu gostaria de ter. Eu olho para ele, para todos eles, e sei que nem de longe são os homens da minha vida. Pior, sequer são as personalidades que eu gostaria de ter ao lado para toda a vida. Obrigada senhor, por não tornar realidade meus devaneios ansiosos.
Sim, as coisas sempre mudam para melhor, mesmo que na hora não consigamos ver

sábado, 28 de dezembro de 2013

"Um fim amargo é melhor do que uma amargura sem fim"

- A procura de Elly

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Medo de liberdade

Dei para notar que tenho medo de ser livre.
Tem pessoas que são soltas, leves, sem roupa que aperte nem muitas amarras no coração, andam por ai sem grandes medos de ferir-se.
Isso sempre me incomodou, um incomodo que preferia não saber porque.
Me obriguei a olhar. Parece um perigo, um medo de me cortar.
De não ter volta pro lado casto da vida, nos conformes, bem educado, o esperado.
E se eu cair pro outro lado?
Vez ou outra recebo notícias de gente que largou tudo, foi viver no mato em grupo, gente que faz sexo sem aliança, gente que tem coragem de viajar sem destino...
Eu por outro lado, sempre penso nos perigos que correria.
Olhei bem! Tenho medo da liberdade, não suporto o gozo incontido.


Ps: Reich explica.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013