domingo, 23 de março de 2014

Nada seria como hoje se não tivesse sido o antes




Eu enquanto parada, sentada, virada para a janela, meio refletindo sobre a imagem, meio pensando em nada... Um pouco curvada sobre o nó que carrego no peito, quase que por acaso voltei aos dezesseis, dezessete, dezoito anos, quando nós; primeiro nós duas, depois nós três, conseguíamos fazer do dia a dia, alguma coisa meio fora do padrão. Lembro de sofrer. Aquela foi uma época bem difícil. Mas também lembro de me sentir envolta por uma atmosfera especial. Como ter a esperança de que a vida pode ser incrível, ou talvez fosse porque gostássemos de cultivar pequenos atos poéticos, pautados em nosso imaginário cuidadosamente construído sobre "o belo". Eu estou tentando buscar palavras que expliquem exatamente como me sentia, mas acho que não tem palavra exata para expressar sentimento. Nós duas sempre estávamos tentando controlar uma crise, ou de uma ou da outra. E ela foi a minha melhor amiga em fazer isso. Ela foi realmente uma amiga muito boa. (eu sei). E nunca mais conheci ninguém tão dedicado a esse amor, que é a amizade quanto ela era a todos nós, os amigos. Ele me libertou. Me fez sofrer, mas foi o sofrimento necessário para me tirar da escuridão platônica na qual eu havia me metido. E foi, apesar de todo o susto, de todo o desconforto, um amor doce de lembrar. Lúdico. Porque somos tão, tão parecidos no que diz respeito a estética, eu lírico, ou seja lá o que for que faz as nossas conversas serem boas, tão boas... Que sempre me fazem sentir como se tudo estivesse no lugar certo naquele momento, como se eu me reconectasse a uma parte querida de mim mesma. (Acho que é aquilo de "reconhecer um igual" que falávamos). "Vou escrever para a Carol, dizer para tomarmos um café quando ela vier aqui". Não foi possível encontrar Carolina no facebook. Decidi ir até "aosilencio". Blog removido. Busco, Luis Felipe no facebook, nada que diga nada de nada. Meu coração está acelerado. Alguma coisa saiu do lugar. E eu nem sei o que é. Eu nem sei se realmente é. Eu nem tenho mais intimidade para perguntar sobre a normalidade dos dias. "E agora?", a minha cabeça fica rodando. Vontade de estar presente. Vontade de ligar e dizer, "olha, me desculpa chegar assim, mas senti que precisava concertar alguma coisa."

Com muito carinho,
Lia

Um comentário:

  1. Agora que vc tem meu numero, é só ligar. Que bom que a vida passa, e com sorte ela leva com ela nossas dores e nossas tormentas.
    Que bom.

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