domingo, 22 de maio de 2011

Perto da 22h30 ele telefonou, disse que estava por perto e que iria busca-la. O coração dela acelerou, podia sentir jatos de adrenalina correrem por suas veias. Ela concordou e correu para se arrumar rápido, um pouco tremula de nervoso. Escolheu um vestido que a fazia sentir-se sexy mas ainda sim, meiga e elegante. Caprichou no perfume e no cabelo, embora se sentisse um pouco patética. sabia que devia controlar a ansiedade. Dizia para si que não havia motivo. A euforia era mais forte do que ela. "Porque será?" "será?" "e agora?" -Perguntava-se "mantenha-se calma, somos apenas amigos" -Repetia didaticamente. Em 10 minutos ele chegou. Rápido de mais, ela ainda não estava pronta. Será que vai perceber que era porque se arrumava com detalhes? que ficava nervosa? "não, não ah de pensar nada, você é uma boba". Olhou-se pela ultima vez no espelho, Encarando-se num suspiro, lembrou porque estava ali. "Na verdade não é grande coisa..." Foram a um pequeno restaurante reservado. Não era um lugar que tivesse algum significado, apenas era um local que ambos achavam agradável. Começaram a conversar sobre qualquer coisa boba, fatos corriqueiros, profissão...fazia tempo que não se viam. Ele não sabia bem porque tinha procurado ela. Não foi que estivesse por perto e de repente se lembrado. Já a alguns dias vinha sendo surpreendido pela lembrança dela. Mas já que ocasionalmente estava ao lado da casa dela, porque não? Ligaria, ela aceitaria -"e se não aceitar?" -Iriam ah um restaurante, nada de mais. conversariam como velhos amigos, e só. Ela estava demorando. Ele tentou escolher uma boa musica, alguma coisa com uma letra bonita. Ela gosta de musicas com letras bonitas. -"melhor não" -Não queria parecer que estivera tentando criar "um clima". Na verdade não estava, mas vai que ela pensa que estava. Enquanto conversavam ela pensava em tantas coisas juntas que era quase difícil de se concentrar. Sentia-se linda, sabia que ele também a estava achando linda, ou será que não? Seria só coisas da sua cabeça? "Mas porque afinal ele ligou?" "ele está diferente, parece mais a vontade" Faziam de conta que os momentos de silêncio não passavam de pausas triviais, bebericando suas bebidas -Uma cerveja de casco que dividiam em sinal de camaradagem. Não era bem o caso. Quando ela começou a refletir sobre pedir uma caipirinha, Ele resolveu que não era hora para pensar muito. Bebeu o resto do copo em um gole. Precipitou-se em um beijo. como acordasse após muito tempo adormecido, sentia o corpo pesar diferente, como se tivesse conseguido apreender num instante, o tempo presente. Não sentiu nada, não sentiu tesão, não sentiu "o beijo" e sim, apenas o que se chama de beijo, o encostar de dois lábios. Foi sentindo ela se afastar. Pela primeira vez desde que se conheceram o coração dela parou de bater acelerado e ela podia se observar como que de fora, sem sentir aquele desespero que lhe tirava o ar. Esperara tanto por esse momento, criando e recriando-o mentalmente que simplesmente a realidade não condizia com a imaginação. Não sabia o que fazer, nem sabia se deveria fazer. Ficara tão presa ao ideal que nem percebeu quando o fundamental se tornou banal. Ambos sabiam que nada levaria a algo, não havia o que discutir. Sentir vergonha, para que? Afinal eram apenas isso mesmo, velhos conhecidos, muito íntimos; e nada que acontecesse seria tão estranho que chegasse a ser desconcertante. - Agente podia ir ao Rosas encontrar o pessoal, o que cê acha? - Acho bom. Passa na banca pra comprar cigarros primeiro? - Passo


- Lia Saboia -

4 comentários:

  1. ele deve gostar de tudo que ela não conseguiria prever que ele gostasse.

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  2. Luis Felipe, você está defendendo meu personagem masculino?

    ps:. Ah, eu concordo com seu texto para discordar.

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