terça-feira, 24 de agosto de 2010

Bilhete em papel rosa. (sou apaixonada)

A meu amado secreto, Castro Alves. Quantas loucuras fiz por teu amor, Antônio. Vê estas olheiras dramáticas, este poema roubado: "o cinamomo floresce em frente ao teu postigo. Cada flor murcha que desce, morro de sonhar contigo". Ó bardo, eu estou tão fraca e teu cabelo é tão negro, eu vivo tão perturbada, pensando com tanta força meu pensamento de amor, que já nem sinto mais fome, o sono fugiu de mim. Me dão mingaus, caldos quentes, me dão prudentes conselhos, eu quero é a ponta sedosa do teu bigode atrevido, a tua boca de brasa, Antônio, as nossas vidas ligadas. Antônio lindo, meu bem, ó meu amor adorado, Antônio, Antônio. Para sempre tua.


(Adélia Prado)

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